Estado Islâmico pode repetir no país o que fez na Síria e Iraque
Os líderes cristãos do Egito, dizem que a perseguição é tão antiga
quanto a fé cristã. Segundo a tradição, o evangelho chegou por lá no primeiro
século, levado por (São) Marcos, o autor do Evangelho que leva seu nome.
“A história dos cristãos é assim”, sublinha o sacerdote copta Elijah Ava
Mina. “Jesus disse que ‘Estreita é a porta e difícil o caminho’”, enfatiza.
No antigo Mosteiro de São Menas, no deserto do Sinai, uma tumba de
concreto guarda os restos mortais de cristãos massacrados por sua fé. Não os da
época do Império Romano, mas os que morreram em abril de 2017, após os ataques
terroristas do Estado Islâmico (EI).
No Domingo de Ramos, bombas colocadas em duas igrejas
resultaram em quase 50 pessoas mortas.
A cripta do mosteiro abriga agora sete caixões, mas ataques futuros são
praticamente certos. O braço egípcio do EI já deixou claro que os cristãos são suas “vítimas favoritas”.
Um de seus alvos foi a igreja mais antiga do Egito, a Catedral de São
Marcos, em Alexandria. Especialistas temem que, se o governo não agir logo,
pode ocorrer aqui o mesmo que viveu a Síria e no Iraque nos últimos anos, onde a população cristã foi dizimada.
Dentre os 90 milhões de egípcio, apenas 10% são cristãos. Eles sentem-se
cada vez mais ameaçados. Antes do EI, já possuíam um longo histórico de
perseguição e discriminação por parte dos muçulmanos.
Apesar da postura pública do presidente Abdul Fattah al-Sisi pregando
liberdade religiosa, uma lei aprovada ano passado dificultou a construção de
novas igrejas cristãs, explica à BBC Ishak Ibrahim,
um pesquisador que estuda o assunto. Quando os cristãos tentam se reunir em
casa para cultuar, passam a ser alvo de ataques, assevera.
Nem a visita do papa Francisco, que chegou nesta sexta-feira ao país
para uma visita de dois dias, parece fazer muita diferença. Em seu primeiro
discurso em solo egípcio, o pontífice disse que não deveria haver violência em
nome de Deus.
Para o muçulmano radical isso faz pouca diferença, pois ao contrário do
papa,
Não temos lugar
Os atentados recentes deixaram Marian Abdel Malak, 26 anos, sem três de
seus entes queridos, incluindo Bishoy, seu irmão de 18 anos. O rapaz já havia
dito à família que desejava morrer como um mártir cristão.
“Se coisas continuarem assim e não tivermos nossos direitos assegurados,
definitivamente não teremos futuro”, lamenta a jovem. “Nós estaríamos melhor se
estivéssemos mortos, por não temos mais lugar nesse país — nas escolas, no
governo. Não temos nenhum valor”, desabafa.
Mesmo assim, há quem tire força do sofrimento. “Não tenho medo”, garante
Nadia Nazeem, a mãe de Bishoy. “Coisas ruins aconteceram, estão acontecendo e
acontecerão no futuro, mas não vou parar de ir à igreja. Irei a todas as
igrejas.”
Fonte: Gospel Prime
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